(Castelo de Pombal)
SONETO
A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
D'onde toda a tristeza se desterra;
O rouco som do mar, e a estranha serra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;
Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade of 'rece,
Me está, se não te vejo, magoando.
Sem ti, tudo me enjoa e aborrece;
Sem ti, perpétuamente estou passando
Nas mores alegrias mor tristeza.
(Camões)